Catilina II
Eu sou o solitário e nunca minto.
Inicio-me na espiral de um mergulho,
Redescubro no rasgar de um embrulho,
A novidade e incerteza no que sinto.
De tudo desligado, livre sinto,
Perdido na vertigem desta idade,
Mas o pulsar latente da cidade
Devolve-me ao real, ao labirinto.
Sou a seta lançada em pleno espaço,
Sem alvo, condenado ao infinito,
Inseguro num destino que não traço.
E a energia contida neste grito
Esgota-me e obscurece o que faço,
Adensando ainda mais o conflito.
José Monge, 24 de Outubro de 1992
(Inspirado no poema “Catilina” deste nome grande das nossas Letras, a eterna Sophia de Mello Breyner Andresen).
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