domingo, 30 de dezembro de 2007

Maria Isabel Batista - Despedida de Outono



http://olhares.aeiou.pt/despedida_de_outono/foto1646024.html
Maria Isabel Batista - Despedida de Outono



José Monge:
A melancolia da despedida dos tons quentes e dourados da folhagem em "grand finale". Depois da apoteose, restam as folhas mortas arrastadas pelo vento, imagem forte gravada no inconsciente humano, devolvendo-nos à memória a lembrança de que não somos perenes e que a vida também tem o seu Outono.
José Monge, 30-12-2007

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Miriam - Dialética

...e tenho tudo para ser feliz
mas acontece que eu sou triste...
vinícius de moraes

José Monge:

Definida a felicidade,
Esquadrinhado o momento,
Uma jura sem idade,
O todo no pensamento.

Quero ser tudo o que pediste,
Feliz, contente por dar,
Apesar disso sou triste,
Não tenho como evitar.

Se ausente em lugares incertos
Almejo a casa voltar,
Teus braços para mim abertos,
O brilho no teu olhar.

Prescruto o cheiro no vento,
Procuro um sinal de ti,
Em qualquer nesga de luz tento
Recordar o que contigo vivi.

Estranhos contentamentos,
Mas eterna insatisfação,
Se temos todos os condimentos
Falta a receita da perfeição.

José Monge, 26-12-2007

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Maria Alexandra Abrunhosa - Douro de Ouro

José Monge:

Douro que és ouro
Que sulcas encostas,
A parra é o tesouro
De que mais gostas.

Os cachos maduros
Envias ao cais.
Os vinhos mais puros
Com aromas frutais.

Navego em teu leito
Que pura emoção,
Orgulho no peito
E um copo na mão.

José Monge, 25-12-2007

sábado, 22 de dezembro de 2007

Francisco Fadista - 1 Pôr-do-sol no meu Alentejo


Francisco Fadista - 1 Pôr-do-sol no meu Alentejo


Deixar a vista perder-se no horizonte, escutar o silêncio e a tomada de consciência que por muito isolados que possamos estar compartilhamos a Natureza e a Vida.
E o momento mágico do entardecer, a abóbada celeste enfeitada com as cores quentes que nos trazem, permitem em contemplação reviver os pequenos momentos de um dia longo.
A entrada para o espectáculo que é um céu estrelado, daqueles dos quais já perdemos a memória, no bulício da cidade.
Que saudades do Alentejo...
Esta foto é uma faísca na seara das memórias, pronta a ser ceifada.
Magnífica.
Novembro 2007

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Roberto Mendes - Praia de Setiba

Roberto Mendes - Praia de Setiba

Praia de Setiba, localizada a 10 quilômetros da cidade de Guarapari - Espirito Santo.

José Monge:

Na Praia de Setiba,
Município do Guarapari,
Lugares como já não há,
Com o Roberto descobri.

Estado do Espirito Santo,
Praias lindas de morrer,
Prazer, oh meu Deus quanto,
Mudava p’rá lá a correr.

José Monge, 19-12-2007

domingo, 16 de dezembro de 2007

Violeta Teixeira/Pandora - A MÍTICA «FEMINA» PANDORA 6


Por motivos, os quais me dispensarei de explicitar,a Pandora escolheu este auto-retrato feito com a minha Olympus, depois de o ter requalificado (?), ou seja, depois de os meus dedos o terem feito, sem mim, embora os meus «habitués» saibam, há muito tempo, que a Pandora é um dos meus vários eus, sendo eu, obviamente, o modelo.

Várias são as aranhas
Que me sou.

Mas, a cada dia que passa,
Escasseiam-se-me as babas,
Para a sintaxe
Das minhas rendas.

Chegou o momento,
Imperativo e urgente, da dádiva das
Babas da boca do outro,

Porque já me abismo
No trânsito do rio que,Rápido, me corre,
Que, rápido, me leva,
Que, rápido, me arrasta
Para a foz do frio.

Violeta Teixeira, in PARTOS DE PANDORA


José Monge:

Aranha mulher,
Femme Fatale,
Sabe o que quer,
Sedutora afinal.

Pandora sem caixa
Eva primordial,
Transpondo a faixa
Entre o bem e o mal.

José Monge, 16-12-2007

Annie - Um dia de saudade


O olhar perdido no horizonte
Deixo o pensamento voar.
O silêncio fala-me de ti
Porque estarás sempre na magia
De um dia de saudade.
José Monge:
A saudade de quem fica,
É saudade de quem parte,
Sentimento não se explica,
Emoção que se faz arte.

Da emoção nasce a arte,
Ou da pura intuição,
É ver o todo na parte,
Sentir crescer o coração.

Silêncio e olhar perdido,
Há dias que são assim,
Oh mar, ecoa o pedido:
“Amor volta para mim!”

José Monge, 15-12-2007

Elsa Horta - Barca bela

http://olhares.aeiou.pt/barca_bela/foto1629687.html
Elsa Horta - Barca bela



Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Para poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes.

(Pudesse eu - Sophia de Mello Breyner Andresen)

José Monge:

Pudesse eu não ter limites nem laços
Oh, quão certo e seguro o que faria
Suspenso dos teus lábios em teus braços
P'ra trás deixando a morte em cada dia.

José Monge, 12-12-2007

domingo, 9 de dezembro de 2007

Sofy Sá - Só hoje, por ser Outono...

http://olhares.aeiou.pt/so_hoje_por_ser_outono/foto1613585.html

Sofy Sá - Só hoje, por ser Outono...

Hoje, só por ser Outono, vou chamar-te de "meu amor"
Contra as regras do que somos, quero chamar-te de "meu amor"...
Hoje só por ser diferente, porque sei que não te vou encontrar...
É tanto o fado contra nós, E nem é por isso que estamos sós...
Embora fique tanto por dizer, Hoje, só por ser Outono, vou...
entre dentes, entre a fuga, vou chamar-te de "meu amor"
Enquanto não encontrar forma de tudo ultrapassar, vou chamar-te "meu amor"
Entre gente que é demais e tão pequena para saber...
Que é tanto vento a favor
Mas tão pouco o espaço para a dor
Fica tudo por contar...
Ainda há flores e há cores e há folhas no chão...
Mas tu não vais voltar...
O que vivemos será eterno em nós e nem o Outono vai levar...
Desce o tempo e a noite vem lembrar que as tuas mãos já não estão cá para me aquecer
Por sermos tanto quanto somos,
Por ser tão certo quando vemos,
Calmo quanto queremos... Meu Amor... só hoje, só por ser Outono!
T.

José Monge:
Só hoje, por te amar, vou chamar-te "meu Outono",
Porque se o homem não é eterno, ainda o é menos o amor!
Não há regras no que somos, quero chamar-te “meu Outono”...
Depois do esplendor do Verão, do excesso, do ex...
E se as tuas mãos ainda estão cá, o calor esfriou com a estação,
Nada é certo nem quando vemos, nem a alma encontra a calma,
Meu outono... só hoje, porque ainda és meu amor!

José Monge, 30.11.2007

sábado, 8 de dezembro de 2007

Zélia Paulo Silva - A Dor


José Monge:
As mãos os olhos tapando,
Ainda assim coração sente,
Lágrimas a pedra talhando,
Inolvidável, omnipresente.

Esquecer ou morrer tentando,
A dor de alma pungente
A vida que se esfumou
Leonor de si ausente.

O sonho de ser rainha,
Rosa brava se tornou,
Ditou a sorte madrinha
O destino que tomou.

José Monge, 08.12.2007

Lucy da Motta - Outono



Lucy da Motta:

"A andorinha partiu.
O Sol mais cedo se deitou.
A chuva miudinha caiu,
Então o Outono chegou."

Esse colorido tingiu
Toda a folha que ficou,
Até que o ramo nu viu
Que o Inverno chegou.

E enquanto o Sol dormiu
Neve branca não tardou,
Mas até a nuvem fugiu
Quando o rei acordou.

Primavera, corropio
A seiva o verde sarou,
No ar escuta-se o pio
A andorinha voltou!

José Monge, 30.11.2007

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Fatima Joaquim - Esqueço-me


http://olhares.aeiou.pt/esqueco_me/foto1528454.html

Fatima Joaquim - Esqueço-me

Quando tenho oportunidade de assistir a um destes belos momentos esqueço-me de tudo, até de mim e sinto-me parte do momento. Ontem e não consegui assistir todo mas tive a felicidade de aproveitar um breve instante. Esta foto é para todos, principalmente para quem se esquece do resto como eu...beijinhos


José Monge:
Faz nuvens para pintar,
Neste esplendor natural,
O Sol que aquece o mar
É o Criador afinal!

Momento a cristalizar,
Céu e Terra a interagir,
Pois a noite não vai tardar
E o Sol descansa a seguir

Caímos em contemplação,
Noite dentro a sonhar
Para descobrir ao acordar
De novo o Sol, a razão.


José Monge, Novembro 2007

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Pedro Flora - Castelo de S. Clemente



Este Castelo em Milfontes,
Dedicado a S. Clemente,
Num Olhar, maior que pontes
Que unem um mar de gente.
José Monge, 03-12-2007

Maria Alexandra Abrunhosa - Douro Prata




Douro de Prata
E encostas bastas,
És aristocrata
De faustas castas.

Belo no Verão
E no Outono,
És tentação
Em todo o ano.

Belo no Verão
No Outono mais,
És tentação
Até ao cais.

José Monge, Novembro 2007

Bruno Abreu - A dança ...


José Monge:
Nas nuvens que dançam,
No Sol já poente,
Imagens descansam
Com traços de gente.

Deitada ao comprido,
As pernas para trás,
Os braços estendidos,
Menina fugaz.

José Monge, Novembro 2007

domingo, 2 de dezembro de 2007

Rui J. Santos - Suave amanhecer ...


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Rui J. Santos - Suave amanhecer ...

Que suave, amanhecer bem junto a ti
Que beleza o teu sorriso ao acordar,
Que magia ter tão perto de mim,
Assim fazes de mim, Pões-me a sonhar

Já nem sei onde é que ponho os pés
Nem tão pouco onde ando com a cabeça
Por mais que eu, diga que não
O coração, esse quer que aconteça

Mas sonhar que também é coisa bela
Que em mim faz tremer, deixa sentido
Quero te ver ao acordar perto de mim
Mesmo a sonhar, digo-te amo-te ao ouvido

José Monge:
Digo que te amo ao ouvido
Em sonhos e mil vezes acordado,
Contemplo o teu rosto tão querido,
Das curvas do teu corpo enamorado.

Respiro o mesmo ar que tu exalas,
De ti eternamente apaixonado,
Adoro o que dizes e o que calas,
Dormes serena comigo a ti colado.

Reflectes em pensamentos sábios,
És a âncora ao qual estou amarrado
E fico aqui preso dos teus lábios,
Sonho ainda, mesmo que acordado.

José Monge, Novembro 2007

Raul Coelho - Travanca


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Raul Coelho - Travanca - Nevada de 26 Fevereiro de 2006 - Vinhais


José Monge:

Fui ver a neve caída
Do azul cinzento do céu,
Branca e pura, cobre a vida,
Esta alvura esconde o bréu

E quando o Sol regressar,
Cristal que enfim aqueceu,
Em gota se vai formar
Água pura que Deus deu.

José Monge, Novembro 2007

sábado, 1 de dezembro de 2007

Elianela Horta - Cruz da Escravidão




O galo que nos desperta,
A cruz pela Humanidade,
Uma fronteira incerta
Entre Homem e Divindade.

São traços e esquadria
Que a nossa vista conduz,
Escravos ainda hoje em dia
Que padecem nesta Cruz.

José Monge, 27-10-2007

Maria Isabel Batista - Encantos de Outono




Maria Isabel Batista - Encantos de Outono



Estende-me a tua mão
Mesmo com cardo ou ouriço
Pois sei que o teu coração
Se esconde nesse feitiço

Estende-me a tua mão
Mesmo que cheia de espinhos
Não me escondas o coração
Preciso dos teus carinhos

José Monge, 27-10-2007

Ângela Caldeira - Marinha de Oeiras



As proas olham o rio,
Anseando pelo mar,
Gaivotas num mar que é espelho,
Quase prontas para voar.

José Monge, Outubro 2007

Paulo Gradim - Pegadas Efémeras




Palavras leva-as o vento,
Pegadas a chuva ou mar,
Que grande contentamento
Falar de novo ou pisar.

O mar traz a neblina,
Os salpicos pelo ar,
O belo é névoa mais fina,
Que faz os olhos toldar.

José Monge, 27-10-2007

Paulo Gradim - Até amanhã



Paulo Gradim - Até amanhã
Ria do Alvor


José Monge:

"Até amanhã" disse eu,
Minha alma ficou para trás
Cerrei os olhos no bréu
Da dor que a ausência traz.

Partir por mais um ano
Não sei se fique, se vá
Mas sei que ao chegar o Verão
Volto a correr para cá!

José Monge, 26-10-2007

Ana Gomes – São…



Ana Gomes – São…

São folhas de mim que eu tento colorir.
São flores do meu silêncio que eu ofereço.
São fantasias do meu cristal que eu descubro.
São silêncios de cristal que deste modo os sinto...

Das cores da tua palete,
Do engenho da tua mão,
As folhas do teu Outono,
Que tornará a ser Verão.

Silêncio não dura sempre,
Cristalizado ou não,
Desprende mais folhas destas,
As flores do coração!

E que cores nessa palete,
Que engenho no Olhar,
São folhas de jetset,
Não pares de as pintar.

As flores que ganhem voz,
Nada fique por falar,
Instantes não se repetem,
E a vida não volta atrás!

José Monge, 25-10-2007

Pedro Casquilho - Mar azul temperado de sal…




José Monge:

Mar azul temperado de sal,
Mar de prata cuja beleza mata,
Seja para o bem, seja para o mal,
É este o mar de Portugal!

José Monge, 25-10-2007

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Catilina II



Catilina II
To Sophia de Mello Breyner Andresen


Lonely guy would never lie,
Self-initiated in the spiral diving,
Surviving, surely not thriving,
Finding new and uncertain all I try.

Off of everything, I feel free,
Lost in the vertigo of this age,
But latent beating of the city
Returns me to reality, to the cage.

I'm an arrow flung into deep space
Without target, doomed for Infinity,
Unsafe in a destiny I do not trace.
A throbbing energy, an inner shout,
Depleting and casting shadows I embrace
Endless loop, but always out.

José Monge, 2006

Published at Poetry.Com

Catilina II


Catilina II


Eu sou o solitário e nunca minto.
Inicio-me na espiral de um mergulho,
Redescubro no rasgar de um embrulho,
A novidade e incerteza no que sinto.

De tudo desligado, livre sinto,
Perdido na vertigem desta idade,
Mas o pulsar latente da cidade
Devolve-me ao real, ao labirinto.

Sou a seta lançada em pleno espaço,
Sem alvo, condenado ao infinito,
Inseguro num destino que não traço.
E a energia contida neste grito
Esgota-me e obscurece o que faço,
Adensando ainda mais o conflito.
José Monge, 24 de Outubro de 1992

(Inspirado no poema “Catilina” deste nome grande das nossas Letras, a eterna Sophia de Mello Breyner Andresen).

A Mão Que Chama

Autor da foto: José Monge

A mão que chama
Pende latente,
Espera outra mão
Num sono ausente.
Ouro ou latão,
Pende contente,
Mostra quem ama
Neste Batente.

José Monge, 26-10-2007

WordPhoto Weblog


Caros amigos,


aqui fica o registo de algumas emoções e palavras que me ocorrem, persistindo por breves instantes nesse ponto sem coordenadas a que chamamos memória e que associamos ao cérebro ou ao coração (e menos frequentemente ao intestino ou à lingua e lábios, quando teimosos ganham vida e se recusam a obedecer-nos), o tempo suficiente para poder fixá-las no papel ou no computador. Se fizerem sentido para uma só pessoa que seja, já será gratificante o suficiente para me permitir continuar e não estar simplesmente a ocupar espaço em disco algures na rede (belo conceito, este de uma rede de pesca onde podemos pendurar um evento da nossa memória se o buraco não estiver já ocupado por um peixe), neste saco azul pelo menos tão grande como o planeta.


Rasgue-se o mar, que cá vou eu...


...e já agora Letras & Pixeis, porque tenciono misturar algumas fotos com textos.
José Monge


P.S. Estou a utilizar fotos de outros autores, em particular do Olhares.com, pois acho que apenas um link não é suficiente. De qualquer forma acrescentarei sempre a identificação do respectivo autor bem como o link para a foto original. Obviamente retirarei de imediato a imagem (e respectivo texto associado que não seja da minha autoria), sempre que tal seja solicitado pelos respectivos autores.