sábado, 25 de outubro de 2008

Zélia Paulo Silva - Sol Poente

Zélia Paulo Silva - Sol Poente

Tardinha... "Ave-Maria, Mãe de Deus..."
E reza a voz dos sinos e das noras...
O sol que morre tem clarões d'auroras,
Águia que bate as asas pelo céu!
.
Horas que têm a cor dos olhos teus...
Horas evocadoras doutras horas...
Lembranças de fantásticos outroras,
De sonhos que não tenho e que eram meus!
.
Horas em que as saudades, p'las estradas,
Inclinam as cabeças mart'rizadas
E ficam pensativas... meditando...
.
Morrem verbenas silenciosamente...
E o rubro sol da tua boca ardente
Vai-me a pálida boca desfolhando...
.
Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade"

José Monge:

O sol que morre tem clarões d'auroras,
De luares pintados a nascente,
Teu olhar extasiado dessas horas,
E o rubro sol da tua boca ardente!
.
E as memórias de tão reprimidas,
Serão sonho ou mesmo em vida vividas,
Mas perdidas entre orações e novenas?
.
Meu coração em teu olhar se prendeu,
E por meu desejo a chave se perdeu,
Em tempestades nas noites mais amenas!
..
José Monge, 25-10-2008

1 comentário:

A OUTRA disse...

Desde a fotografia de Zélia Paulo Silva passando por Florbela Espanca e terminando no seu poema, que dizer? Só há uma palavra:
Beleza!

Boa semana