domingo, 24 de fevereiro de 2008

Zélia Paulo Silva - Templo de Silêncio

O templo do silêncio é o ambiente mais eloqüente para expressar a força de um sentimento.(Augusto Cury)
Como eu comentava com o Daniel....é Curioso o rosto de dor na arte funebre ser sempre o de mulher...

José Monge:

Há realmente atitudes muito diversas relativamente à morte, mesmo que na base seja um evento carregado de emoção e que constantemente nos recorda que não somos perenes. As formas de exprimir essa dor inerente variam significativamente, tanto a nível pessoal como social.
Quanto à questão de serem em geral imagens femininas a exprimir a dor, penso que traduz simplesmente a maior percentagem de artistas de arte funerária que são homens, e portanto o ideal de beleza corresponde à esposa e à mãe. Curiosamente, poderiamos pensar que se está a retratar a situação em que a viúva fica desamparada em termos económicos pelo falecimento do "chefe da casa" dos tempos antigos, mas claramente não é esse caso, pois estas obras devem ter um custo considerável. Suponho que terá mais a ver com as condicionantes sociais de então, pois homem que é homem não era suposto exprimir emoções (pelo menos em público), em particular se denotassem alguma espécie de fragilidade. Felizmente que os tempos são outros e nomeadamente face à escassez de espaço, seguramente que a relação com a morte está a mudar. Um factor a ter em conta é a quantidade de material multimedia que o morto deixa para trás nas sociedades de hoje, se pensarmos por exemplo com há um século se resumia a meia dúzia de fotos, ou em percentagem muito inferior de pintura, escultura, literatura e pouco mais.

E visitar o cemitério Ingles em Lisboa parece uma excelente ideia. É só marcar uma data ;-)


José Monge, 24-02-2008

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